sábado, 31 de agosto de 2013

A experiência da telona

"Eu adoro filmes. Mas na telona é outra coisa, ne?" Sem dúvida. Com 64 anos, Dona Cleonice é espectadora do Cinema no Rio desde as primeiras edições. E adora. "O projeto é muito interessante porque aqui na região não tem cinema e as pessoas não têm acesso a esse tipo de atividade. Eu sempre trago o meu netinho de quatro anos e ele adora."

Foto: André Fossati

Dona Cleonice e seu netinho, Benjamin Sebastian, de 4 anos, estavam nas primeiras filas da sessão de abertura da 8ª edição do projeto, que aconteceu em Pirapora no dia 29 de agosto (quinta-feira). O evento contou com o curta-metragem O fim do recreio e os longas Rio e Girimunho. Antes dessas produções, foi exibido o documentário da cidade, que dessa vez abordou a relação dos ribeirinhos com o rio São Francisco.

Uma das reflexões trazidas pelo filme foi a necessidade da revitalização do Velho Chico. "O rio já estreitou muito desde que eu comecei a morar aqui, em 93. Mas eu achei que alguns entrevistados foram muito pessimistas. A gente tem que acreditar que o rio pode ser revitalizado", defende Marcos Ferrer, 57 anos. E completa: "o filme foi muito importante para mostrar como não podemos virar as costas para o Rio. Essas produções servem para valorizar a história da gente, que as vezes nem a gente conhece."

Na altura de Pirapora, o generoso Velho Chico banha outra cidade, a bonita Buritizeiro. Apesar de o centro ser relativamente pequeno, o município tem mais de 7 mil km² e está cheio de distritos. Um deles é Paredão de Minas, um recanto verde eternizado por Guimarães Rosa, nas páginas do livro Grande Sertão: Veredas

Esse foi o tema do documentário exibido pelo projeto Cinema no Rio, em Buritizeiro, no dia 30 de agosto. Iolanda Santos, 28 anos, se emocionou com o que viu na telona. "Ver um filme tão bonito dá muito orgulho da nossa cidade." A espectadora diz que nunca foi em um cinema, mas que já viu vários filmes porque sempre sai de casa quando o projeto chega na cidade. Buritizeiro contou com a programação dos curtas-metragens Dia Estrelado e L, e dos longas Rio e A cidade é uma só.

Um novo olhar para a fotografia

Enquanto parte da equipe trabalha para montar o cinema ao ar livre e garantir a exibição dos filmes durante a noite, os fotógrafos Luíza Palhares, Luiz Oliveira e Davi Guimarães administram a Oficina Lúdica de Fotografia. As oficinas são voltadas para um grupo de crianças e adolescentes que estudam em escolas públicas dos municípios pelos quais o projeto passa.

Foto: Luciano Lucas

Luíza conta que o objetivo da oficina é despertar o olhar dos jovens para um outro tipo de fotografia, algo que se aproxima à fotografia artística e ao fotojornalismo. "Algumas crianças já têm potencial. Um potencial estimulado também pela internet, pelo celular e também pelas máquinas fotográficas digitais", conta. As fotos das crianças são exibidas no telão antes dos filmes.

Por Camila Fróis e Juliana Afonso

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Cinema no Rio chega a oitava edição

Vai começar, no dia 29 de agosto, mais uma edição do projeto “Cinema no Rio”, que leva a sétima arte para comunidades ribeirinhas ao longo do Velho Chico, nos rincões de Minas Gerais. Durante os 15 dias desta primeira etapa, as cidades visitadas recebem telas infláveis, onde são exibidos documentários, animações e longas metragens nacionais. 

Foto: André Fossati

Realizada pela produtora Cinear há oito anos, a expedição tem como objetivo democratizar o acesso à cultura. Desde o início do projeto, mais de 200 mil pessoas já assistiram as sessões de cinema ao ar livre, que reúnem crianças, jovens e adultos, incluindo muitos moradores que nunca haviam visto um filme na telona.

Enquanto uma carreta leva a estrutura por terra, uma equipe de cineastas, educadores, fotógrafos e jornalistas segue de barco para as cidades que vão sediar as exibições. Além de curtas e filmes de diretores nacionais consagrados, em cada sessão são projetados documentários sobre a própria cidade, sua cultura e personagens, gravados durante a pré-produção do projeto. 

Em seu oitavo ano, a expedição vai percorrer 13 municípios às margens do São Francisco, exibindo diferentes produções da cena nacional como Girimunho, de Helvécio Marins e Clarissa Campolina, Vou rifar meu coração, de Ana Riefer, Eu e meu guarda chuva, de Toni Vanzolini, entre outros. A programação ainda inclui atrações culturais locais e oficinas lúdicas em que crianças conhecem e praticam fundamentos da fotografia.

O Rio São Francisco

Esse caudaloso rio habitado por indígenas e anteriormente conhecido como opará, algo como “rio-mar”, foi descoberto por Américo Vespúcio em 1501, no dia de São Francisco. Depois que nasce nas entranhas da Serra da Canastra, em Minas Gerais, o rio ganha volume com a chegada dos afluentes até desaguar no Atlântico, e pelo caminho vai irrigando plantações, abastecendo cidades e inspirando o imaginário popular. É também considerado quase um milagre da natureza, pois faz o capricho de correr ao contrário e se estende do Sul mais baixo para o Norte mais alto devido à falha geológica denominada Depressão Sanfranciscana. Às suas margens, populações ribeirinhas preservam histórias, personagens e traços da cultura tradicional, presentes em obras de grandes escritores brasileiros, como Guimarães Rosa.

Cronograma

29/ago - Quinta-feira: PIRAPORA – MG

30/ago - Sexta-feira: BURITIZEIRO – MG

31/ago - Sábado: BARRA DO GUAICUÍ – MG

01/set - Domingo: BARRA DO PACUÍ – MG

03/set - Terça-feira: CACHOEIRA DO MANTEIGA -MG

04/set - Quarta-feira: PONTO CHIQUE – MG

05/set - Quinta-feira: SÃO ROMÃO – MG

06/set - Sexta-feira: SÃO FRANCISCO – MG

08/set - Domingo: JANUÁRIA  - MG

09/set - Segunda-feira: PEDRAS DE MARIA DA CRUZ - MG

10/set - Terça-feira: ITACARAMBI – MG

11/set - Quarta-feira: MATIAS CARDOSO - MG

12/set - Quinta-feira: MANGA - MG